domingo, 31 de julho de 2011

Pode isso, professor?

          Vamos lá, fale algo, não me deixe aqui olhando seu rosto quieto. Vim até você para ouvir sua resposta, para discutir com você tudo o que queria discutir. Sentimento de angústia né, esse quando se espera uma resposta, e quando esta demora mais de que 5 segundos, a aflição toma conta da gente. Sei lá, impaciência, mal costume? Quem sabe? Mas porfavor, fale algo...


Bom, primeiramente, Olá, bom dia, boa tarde, boa noite.
         Andei observando o estranho comportamento de algumas pessoas aqui no Rio de Janeiro e o que mais me impressionou foi a impaciência. Bom, sou vítima disso tambem, então, vamos botar a culpa na globalização. Quanto tempo você demora para carregar o navegador do computador? Bem, em torno de 2, 3 segundos. Agora, se demora 5 ou mais, ficamos impacientes, fechamos e tentamos outra vez. Estranho não? O tempo virou uma unidade onde seus valores são variados. 5 segundos é muito pra abrir a internet, mas muito pouco para fazer um dever. Hoje temos tudo nas nossas mãos, e-mails chegam em menos de 5 segundos, viagens para o outro lado do mundo em menos de 1 dia. Pode isso, professor?
          Deve. Chama-se evolução. Porém, devemos apenas aproveitá-la, e não virar vítima. Coisa que eu, já sou. Sou impaciente, e muito. Não gosto de ser assim, mas simplesmente sou. E acho que por isso cometo erros que poderiam ser evitados. ''A paciência é uma virtude'', disse minha mãe, 1 bilhão de vezes. E eu, sempre ignorei, claro. Ignorei como ignoro muitas e muitas outras frases de sucesso. ''Tempo é dinheiro'' é outra. Em qual devo ignorar com mais vontade? Tento ser calmo, mas ao mesmo tempo ser ágil pra não perder tempo. Tenho pouco tempo, mas os faço longos.   
         Durmo cada vez menos para ter cada vez mais, e por dormir de menos, perco o que teria de mais. E sigo. Assim, minha cabeça dói, minha mente dói, mas eu continuo, arranco forças de cada um, e sigo. Passo e digo coisas bonitas, passo e observo coisas feias, passo, mas pra mim nada passou. Me preocupo cada vez menos, por me preocupar demais. E no final, sempre sorrindo, sempre achando felicidade onde esta não devia participar. E onde é que a felicidade não se deve participar? Não aqui. Pode isso, professor?

E você, continua com a mesma cara de sempre, parece que não me ouviu falar. Não me ouviu, e nem me viu. Não notou minha cara de desespero esperando respostas. Eu insisto. Mas porfavor, fale algo, o silêncio faz muito barulho pra mim.




       
       

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